Autor: David
Mourão-Ferreira
Título: Um Amor
Feliz
Editora: Editorial Presença
15ªEdição
de 2002
299
páginas
Sinopse
David Mourão Ferreira inspira-se na
matriz dos Amores do autor latino
Ovídio (43 a.C – 18 d.C). O cenário é, igualmente, decalcado a partir de uma
Roma exuberante, cuja frivolidade e fausto são as condições sine qua non e o humus perfeito para a
fertilidade de determinados hábitos e para uma plêiade de subterfúgios
amorosos. Nesta antecâmara, tece-se um enredo tão sedutor quanto enigmático,
sustentado por jogos, expedientes e enganos.
O
fio condutor é uma mulher, envolta num manto de secretismo, aparentemente
oculta, gramaticalmente comum, enganosamente anónima, a Y. A sigla, convertida
em nome de mulher, graficamente erótica que tudo precipita e inicia, é a
metáfora colectiva dos amantes. Y converteu-se na incógnita da vida do
artista plástico, Clown, quando este descobriu que Arte, Amor e Mulher tecem a
fórmula de Um
Amor (quase) Feliz, com o género feminino sempre dominante.
O romance apresenta uma estrutura de
quarenta e sete capítulos, parcialmente desconexos e isolados mas tece-se de
forma coerente, nas suas teias de erotismo e sedução. A obra suscita várias
leituras e mergulha o leitor num universo amoroso cambiante e indecifrável, num
jogo dialéctico de luz e sombra, consentimento e infracção, enigma e
revelação. A intensa e arrebatadora
história de paixão entre estes dois amantes tem como pano de fundo uma Lisboa
eclética e frívola, com as suas movimentações sociais e festivas, nos esgares
titubeantes de uma elite diplomática.
O romance encerra de forma
inconclusiva, circular, aberta porque é na intermitência de duas possibilidades
que se abre o espaço para a vontade e para a ilusão de Um Amor Feliz. Clown confirma com Y a máxima ovidiana: «quanto mais
guarda se faz ao corpo, mais adúltera é a alma, a mulher só é verdadeiramente
fiel quando tem a liberdade de o não ser[1]».
PALAVRAS-CHAVE: Um Amor Feliz. Amores Ovidianos. Adultério, Jogo de sedução. Y.
[1]Carlos Ascenso
André, (trad) Amores de Ovídio,
Livros Cotovia e Carlos Ascenso André, Lisboa, 2006, p 20.
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