domingo, 12 de abril de 2015

Um Amor Feliz

Autor: David Mourão-Ferreira
Título: Um Amor Feliz
Editora: Editorial Presença
15ªEdição de 2002
299 páginas






Sinopse

David Mourão Ferreira inspira-se na matriz dos Amores do autor latino Ovídio (43 a.C – 18 d.C). O cenário é, igualmente, decalcado a partir de uma Roma exuberante, cuja frivolidade e fausto são as condições sine qua non e o humus perfeito para a fertilidade de determinados hábitos e para uma plêiade de subterfúgios amorosos. Nesta antecâmara, tece-se um enredo tão sedutor quanto enigmático, sustentado por jogos, expedientes e enganos.
            O fio condutor é uma mulher, envolta num manto de secretismo, aparentemente oculta, gramaticalmente comum, enganosamente anónima, a Y. A sigla, convertida em nome de mulher, graficamente erótica que tudo precipita e inicia, é a metáfora colectiva dos amantes. Y converteu-se na incógnita da vida do artista plástico, Clown, quando este descobriu que Arte, Amor e Mulher tecem a fórmula de Um Amor (quase) Feliz, com o género feminino sempre dominante.
O romance apresenta uma estrutura de quarenta e sete capítulos, parcialmente desconexos e isolados mas tece-se de forma coerente, nas suas teias de erotismo e sedução. A obra suscita várias leituras e mergulha o leitor num universo amoroso cambiante e indecifrável, num jogo dialéctico de luz e sombra, consentimento e infracção, enigma e revelação.  A intensa e arrebatadora história de paixão entre estes dois amantes tem como pano de fundo uma Lisboa eclética e frívola, com as suas movimentações sociais e festivas, nos esgares titubeantes de uma elite diplomática.
O romance encerra de forma inconclusiva, circular, aberta porque é na intermitência de duas possibilidades que se abre o espaço para a vontade e para a ilusão de Um Amor Feliz. Clown confirma com Y a máxima ovidiana: «quanto mais guarda se faz ao corpo, mais adúltera é a alma, a mulher só é verdadeiramente fiel quando tem a liberdade de o não ser[1]».

PALAVRAS-CHAVE: Um Amor Feliz. Amores Ovidianos. Adultério, Jogo de sedução. Y.



[1]Carlos Ascenso André, (trad) Amores de Ovídio, Livros Cotovia e Carlos Ascenso André, Lisboa, 2006, p 20.

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