domingo, 12 de abril de 2015

Siddhartha

Autor: Hermann Hesse
Título: Siddhartha
Editora: LeYa
Género: Romance
153 páginas, 2011






Resumo:
            O nobel alemão Hermann Hesse presenteia-nos com Siddhartha (1922), um romance que coloca a tónica no dualismo da vida activa e da atitude contemplativa, numa constante dialéctica de questionação das escolhas e dos caminhos, na esteira da celebração de um certo misticismo oriental. O leitor vai viajando, nestas páginas sinestésicas, pelos labirintos e complexidades da alma humana do protagonista, nascido na Índia, no século VI a.C.
            Siddhartha é filho de um brâmane e cresceu isolado das misérias do mundo, gozou de uma existência calma e de uma vida luxuosa, até ao momento em que decidiu abdicar de tudo isso, para se envolver e iniciar numa viagem existencial, na senda da descoberta das (suas) verdades. O livro começa com a sagacidade de um jovem que procura ficar vazio de sede, vazio de desejo, vazio de sonho, vazio de alegria e de tristeza pois acreditava que esvaziando um Eu dominado por impulsos e  inclinações, poderia fazer emergir o mais profundo do Ser. Juntamente com o seu amigo Govinda, desprende-se das amarras circunstanciais, disposto a beber de preceitos sábios e de doutrinas irrefutáveis. Nesta caminhada, as escolhas dos dois samanas divergem e seguem, por isso, rumos diferentes.
            Siddhartha sempre honrara 3 directrizes norteadoras - Jejuar, Esperar e Pensar - e movido pela avidez e insatisfação das doutrinas cruza-se com várias pessoas que lhe vão dar a conhecer um outro lado da vida e do mundo, diametralmente opostos daqueles que ele conhecia. Com Kamala, o Brâmane conhecera os prazeres do corpo e dos sentidos, sem nunca se entregar à cortesã inteiramente; com Kamaswami, um afamado comerciante, aprendera a agradar a cobiça e a ganância sem nunca se deixar levar por elas, ou pelo menos acreditando nessa ilusão. No entanto, o tempo revelou-lhe o contrário pois ninguém é incorrompível até ser tentado e Siddhartha deixara-se deslumbrar, deixa-se seduzir por aquelas que eram as efemeridades da vida.
            Certo dia, chegando próximo de um rio viu reflectido na água o vazio da sua alma e nesse momento, percebendo que a sua vida se tinha esgotado, quis entregar-se à morte como quem quer parar o fluir perene do tempo e da vida. De repente, ouve reverberar dentro de si um «Om» sagrado que tanto significa «Completo» como «Perfeito» e que desperta o seu espirito entorpecido. Nas margem desse rio conhece Vasudeva, o barqueiro, com quem durante os anos seguintes convive e aprende. Os anos foram passando sem que ninguém os contasse e por altura da morte de Buda, o Sublime, na hora da sua passagem para a liberdade eterna, Kamala dirige-se com o seu filho, para o lugar onde estava a morrer o Santo agora moribundo. Entretanto, Kamala é mordida por uma cobra e morre nos braços de Siddhartha, que rapidamente reconhece no menino da cortesã, o seu filho. Com este filho Siddhartha inicia nova viagem, agora pela incondicionalidade de um sentimento sem reciprocidade mas que ainda assim lhe mostra o sentido real da vida.
O livro encerra com um reencontro e com uma conversa profunda de Siddhartha com o seu amigo de sempre Govinda, no reflexo um do outro reconhecem as suas próprias escolhas, tendo o rio como pano de fundo, esse rio que é reminiscência e lembrança de que nunca nos banhamos duas vezes na mesma água. Siddhartha confessa-se e assume que o contrário de qualquer verdade é tão verdadeiro quanto essa mesma verdade e que tudo é metade, em tudo falta a totalidade, integralidade e unidade. O Mundo sempre se dividira em Sansara e Nirvana, ilusão e verdade, sofrimento e libertação. O brâmane percebera que a sua imensa avidez e amor por tudo, o distanciaram do equilibrio, dispersaram-no de um foco. Foi preciso cometer muitos pecados e tantas loucuras, enfrentar misérias, desilusões e sofrimentos para poder recomeçar: afinal a viagem mais sagrada e regenedora do Homem é sempre aquela que o leva por um périplo a interior, na descoberta de si mesmo.


Palavras-Chave: misticismo oriental, vida activa versus atitude contemplativa, libertação, equilíbrio.

Sem comentários:

Enviar um comentário